Edson Lima publicou no seu blog o comentário de um leitor. Transcrevo aqui tendo em vista relevância do assunto. O relato é realmente impressionante.
*Sobre o post de espancamentos por causa de drogas, o jornalista Roberto Silva, de O Diário, fez um comentário que merece ser lido por todos –inclusive advogados, policiais, promotores e juízes. Como ele acompanha estes casos, faz um relato perfeito, explicando o que acontece na questão de tráfico em Maringá. Leiam:
Edson, a tendência é a situação piorar.
Há tempos que o Serviço Reservado (P-2), da Polícia Militar, deixou de combater o tráfico na cidade.
Por ouro lado, a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) ignora os pequenos traficantes. Diz que foi criada para combater apenas os “grandes”, mas estes raramente são identificados e presos.
O grande traficante não encosta as mãos na droga. Tem “mulas” para fazer o transporte e “gerentes” para receber e fazer a distribuição nos pontos de venda.
O problema, é que se o crack não for apreendido assim que chega na cidade, depois de fragmentado torna-se impossível sua localização.
Vale salientar que uma quantidade de crack do tamanho de uma barra de sabão rende o mesmo que 20 quilos de maconha.
Para o traficante, a comercialização do crack – além de vantajosa financeiramente – é altamente segura. Explico: é mais fácil esconder uma pedra de crack do tamanho de uma barra de sabão do que 20 quilos de maconha.
Logo que recebe a droga para revenda, o pequeno traficante separa uma pequena parte para comercialização e o restante enterra no quintal da casa, sempre camuflado com pó de café ou outras substâncias capazes de encobrir o odor da droga.
Nem mesmo o apurado faro dos cães da Rotam-Canil é capaz de localizar a droga. Pimenta em pó, espalhada sobre a terra, também é usada para ferir as narinas dos cães e afugentá-los. Muitas vezes estas táticas passam despercebidas até mesmo dos adestradores.
Outra estratégia muito usada: como carregam pequenas quantidades de “pedras” e sempre deixam o dinheiro da transação com algum comparsa, os pequenos traficantes – quando presos em flagrante – alegam ser usuários.
Sustentada por advogados de defesa, esta tese é geralmente aceita pelas autoridades. Em uma semana o traficante – se maior de idade – está de volta às ruas.
Se for adolescente – como é a maioria dos pequenos traficantes – nem na cadeia pode ficar. Horas após ser apreendido, o garoto é colocado em liberdade. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro e tem de ser obedecido.
Quem culpa a polícia e as autoridades pelo que vem ocorrendo em todo país está redondamente enganado.
As brechas na lei deixam todos de mãos atadas.
A saída é cobrar dos deputados federais e senadores mudanças urgentes – e efetivas – nas leis. Cabe a eles – somente a eles – a solução para estes – e outros – problemas.
O problema das drogas é o pior de Maringá, neste momento. A droga tem a ver com a criminalidade, com a violência, com as piores coisas. Tem que haver um enfrentamento e só será possível com envolvimento do estado e da União. Não somos uma ilha, a maioria dos municípios grandes e médios do Brasil estão sendo devastados pelo tráfico e o crime organizado.
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